Wilson Carneiro de Souza nasceu nos sertões do então Território Federal do Acre, nas proximidades do Rio Tarauacá, em 18 de julho de 1920. Os pais, Antônio e Antônia, eram cearenses oriundos da localidade de Riacho do Sangue, e faleceram quando Wilson e seu único irmão Nelson eram apenas duas crianças, motivo pelo qual os meninos tiveram que desde cedo trabalhar pela própria sobrevivência, pois não possuíam nenhum outro parente que os pudesse amparar.
Wilson Carneiro já havia muitas vezes cruzado pela Estrada da Colônia Custódio Freire, onde ficava o Alto Santo e a casa do Mestre Irineu, tangendo varas de porcos que comerciava por ali, e chegara a negociar suínos da própria criação de Irineu Serra. Nunca, entretanto, tomara conhecimento da Doutrina fundada e cultivada por este, e foi apenas em 1962 que chegou ao Centro de Irradiação Mental Luz Divina, trazendo consigo o filho José para ser curado. O que parecia impossível se realizou então: o filho obteve a cura, e Wilson e Zilda, agradecidos, aos poucos ingressariam para as fileiras dos fardados da Rainha da Floresta, trazendo consigo os filhos.
Em 1965, Wilson Carneiro estava presente quando chegou à Doutrina, também pela busca de cura, o amazonense Sebastião Mota de Melo. Ambos mediavam os quarenta e cinco anos de idade nessa época, e logo se tornaram muito amigos, amizade esta que se estendeu às famílias.
Mestre Irineu, já septuagenário, os orientou nesse ínterim: a Sebastião, capacitando-o para ser feitor de Daime na colônia Cinco Mil onde este morava (muitos vizinhos e companheiros de labuta deste o acompanharam desde cedo nos trabalhos do Centro do Alto Santo), e a Wilson, entregando-lhe a função de despachar no Correio Aéreo Nacional o Daime que era enviado pelo Centro para os trabalhos espíritas do Senhor Regino, gerente de um hotel no centro de Porto Velho, em Rondônia, função esta que acompanhou a incumbência de ter Daime em sua residência para poder atender qualquer membro da irmandade necessitado de um pronto-socorro na cidade de Rio Branco, já que o acesso ao Alto Santo era dificultoso e muitas vezes impraticável naquela época.Para os trabalhos de cura, Wilson Carneiro chamava a senhora Clícia Cavalcante, esposa de um proeminente advogado da cidade e fardada na Doutrina há mais tempo que ele, para prestar o atendimento aos doentes cantando o hinário por ele preferido, que era o de Maria Damião. Ao saber disso, Dona Percília, chefe do ritual no Centro, corrigiu-o dizendo ser necessário que este começasse sempre pelos hinos do Mestre Irineu, pois este era o tronco da Doutrina, e ser sempre preciso principiar a "subida" pelo tronco e não pelas ramas. Assim, Wilson Carneiro começou a formar um caderno de hinos para seus trabalhos de cura, caderno este que hoje conhecemos como da "Linha de Arrochim"
Wilson Carneiro despediu-se desse mundo em Rio Branco, a 26 de junho de 1998, aos setenta e sete anos de idade. Através de seu exemplo de fé buscou apresentar aos que lhe conheciam o valor tanto da conciliação e do entendimento quanto da observância das tradições rituais legadas por Irineu Serra, evitando assim tanto as atitudes de desavença nos serviços religiosos quanto as de desconfiguração do trabalho por desinteresse do aprendizado. Pedia sempre muito capricho como sabia que o Mestre queria que todos seus seguidores caprichassem na apresentação de seus trabalhos, e demonstrava sempre em suas narrativas que foram as contingências da vida que o haviam ensinado a ser "manso e cordeiro".
"É beija, é beija-flor
Que minha mãe me entregou
Para afastar as doenças
De quem for merecedor
Meu Mestre está comigo
Pois ele é meu Amor
É no céu e na terra
Jesus Cristo Salvador
Oh, meu Juramidam
Foi ele quem me mandou
Para relembrar lembranças
Da salvação do amor
Meu Mestre está comigo
Mesmo aqui aonde estou
É a Glória do meu Pai
Jesus Cristo Redentor
Eu digo tá, eu digo tá
Eu digo tá e aqui estou
Eu não me esqueço e só me lembro
Do meu Mestre ensinador.
(hino 63 de Sebastião Mota de Melo)
trechos extraídos do texto http://www.afamiliajuramidam.org/os_companheiros/wilson_carneiro.html
Amor, Luz e Paz!
Cris Lira